esteja em conexão com as demais disciplinas. Não se trata de satisfazer em geral às exigências da tarefa dc uma disciplina já-dada, mas, ao oposto: poder-se-ia em todo caso constituir uma disciplina a partir das necessidades de-coisa de um perguntar determinado e do modo-de-tratamento exigido pelas “coisas elas mesmas”
Com a pergunta diretora pelo sentido do ser, a investigação se põe ante a pergunta fundamental da filosofia em geral. O modo-de-tratamento dessa pergunta é o fenomenológico. Isso não prescreve ao presente tratado nem um “ponto-de-vista”, nem a subordinação a uma "corrente”, pois a fenomenologia não é nenhuma dessas coisas e jamais poderá sê-lo, enquanto tiver o entendimento de si mesma, A expressão “fenomenologia” tem a significação primária de um conceito-de-método. Não caracteriza o quê de conteúdo-de-coisa dos objetos da pesquisa filosófica, mas o seu como. Quanto mais autenticamente um conceito-de-método se desenvolve e quanto mais abrangente é sua determinação dos princípios condutores de uma ciência, tanto mais originariamente ele se enraíza na confrontação com as coisas elas mesmas e tanto mais ele se afasta do que denominamos um manejo técnico, algo que ocorre, e muito, nas disciplinas teóricas também.
O termo “fenomenologia” exprime uma máxima que pode ser assim formulada: “às coisas elas mesmas!”, em oposição a todas as construções que flutuam no ar, [28] aos achados fortuitos, à assunção de conceitos só em aparência demonstrados, às perguntas só aparentemente feitas e que são transmitidas com frequência ao longo das gerações como “problemas”. Poder-se-ia objetar, no entanto, que essa máxima é algo-que-pode-ser-entendido-por-si-mesmo, além de expressar o princípio de todo conhecimento científico. Não se vê por que adotar no que designa uma pesquisa a expressão de o-poder-ser-entendido-por-si-mesmo. De fato, trata-se de o-poder-ser-entendido-por-si-mesmo e que queremos ver mais de perto, na medida em que importa lançar luz sobre o procedimento
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