...δῆλον γὰρ ὡς ὑμεῖς μὲν ταῦτα (τί ποτε βούλεσθε σημαίνειν ὁπόταν ὂν φθέγγησθε) πάλαι γιγνώσκετε, ἡμεῖς δὲ πρὸ τοῦ μὲν ᾠόμεθα, νῦν δ᾽ ἠπορήκαμεν... “Pois e manifesto que estais de há muito familiarizados com o que pretendeis propriamente significar empregando a expressão ‘ente’, que outrora acreditávamos certamente entender mas que agora nos deixa perplexos”1. Temos hoje uma resposta à pergunta sobre o que pretendemos significar propriamente com a palavra “ente”? De modo algum. Assim, é preciso, pois, refazer a pergunta pelo sentido de ser. Estamos hoje ao menos perplexos por não entender a expressão “ser”? De modo algum. Então, antes do mais, cumpre despertar de novo um entendimento para o sentido dessa pergunta. A elaboração concreta da pergunta pelo sentido de “ser” é o objetivo do tratado que se segue. A interpretação do tempo como o horizonte possível de todo entendimento-do-ser em geral é sua meta provisória.

O visar tal meta, as investigações que nesse propósito se compreendem e são por ele propriamente requeridas, bem como o caminho que conduz a essa meta, exigem uma introdução de esclarecimento.


1 Platão, O sofista, 244a.


31


Martin Heidegger (GA 2) Ser e Tempo (Castilho)